No México,
onde participa da Reunião de Meio de Ano da Sociedade Interamericana de
Imprensa (SIP), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso falou ao
Estado de São Paulo sobre a antecipação da campanha presidencial. O PSDB, disse, não
teve alternativa e lançou Aécio Neves.
Lula lançou Dilma à reeleição, o sr. lançou a de Aécio Neves. A campanha foi antecipada. Isso não tem um custo político?
Tem custo sim, político e administrativo. Lula precipitou o processo sucessório, aí os outros partidos não têm alternativa. Nós não tínhamos intenção de precipitar uma candidatura. Estávamos prestigiando o nome do Aécio para um debate interno. Mas eu nunca vi quem está no governo precipitar uma eleição, já que atrapalha a governabilidade. Tudo que a presidente Dilma fizer daqui por diante será atribuído a intenções eleitorais. Não sei o que levou o Lula a essa precipitação. Talvez seja porque ele gosta de campanha! A preocupação do governo não era com a oposição, era com a fragmentação das suas próprias forças.
Aécio abraçou a defesa de seu legado. Nem José Serra nem Geraldo Alckmin fizeram isso. O que mudou dentro do PSDB?
Talvez tenha chegado um momento em que seja mais fácil avaliar o que fizemos, não ter medo do que fizemos. Nós garantimos a economia, modernizamos a economia. As privatizações vieram de uma maneira correta, controladas pelas agências reguladoras, não foram monopolizadoras. Restabelecemos a competitividade das agências do governo, do Banco do Brasil, a Petrobrás. Melhoramos muito a educação, organizamos o SUS, começamos o processo de transferência de rendas. As pessoas esquecem que o programa do governo Lula não era transferência de renda, era o Fome Zero. Que foi engavetado! E aderiram ao que nos tínhamos começado. Enfim, por que não defender o que nós fizemos? Agora, isso não pode ser a base de uma campanha eleitoral. Campanha eleitoral tem de ser feita olhando pra frente, não pra trás. O programa do PSDB, então, deve ser: reconhecer o que fizemos, mas vamos adiante. Tem muita coisa que fazer.
Quais, por exemplo?
Quando fizemos nos anos 90 o que nós fizemos, o pessoal do PT, da esquerda, e também de outros partidos, não entendeu a globalização. Acharam que era outra vez o imperialismo, que era o neoliberalismo. Confundiram um processo histórico com uma ideologia. E me acusaram, quando eu estava ajustando o Brasil à nova condição histórica, como se fosse uma posição ideológica a favor do neoliberalismo, posição que eu nunca tive. Agora, de novo, vamos sair dessa crise. É um novo momento, que precisa de ajustes. Primeiro, quem é que vai puxar a economia de novo? Parece que serão os Estados Unidos. O que o Brasil vai fazer com o pré-sal? Continuar marcando passo? Enfraqueceram a Petrobrás e se embrulharam todos. De novo, digo, nós temos de olhar pra frente. Pararam a infraestrutura toda, porque não fizeram o que tinham de fazer, que eram as concessões. Agora fazem envergonhadamente, mal feito. O PSDB tem de recomeçar dizendo: "Olha, eles estavam errados, nós sabemos fazer". O fato é que fazem errado porque não acreditam no que estão fazendo. Nós acreditamos, deixe que a gente faça! Quando cobram dizendo que o PSDB está sem projeto, não está sem projeto, é que eles tomaram o nosso e fizeram mal feito. O PSDB tem que apresentar ao País um novo projeto.
Macroeconomia não sensibiliza o eleitor. Embora o cenário seja delicado - inflação, PIB, ritmo lento do PAC -, qual discurso terá o PSDB para atrair votos?
O que sensibiliza o eleitor é quando mexem no bolso dele, coisas como emprego e renda. Esses fatores todos mencionados vão terminar tendo algum efeito sobre emprego e renda. Na verdade, já estão tendo. A renda per capita no ano passado não subiu. E agora as famílias estão endividadas. O PSDB tem que dizer: "Você que está endividado, eu vou resolver esse problema".
Lula saiu com 76% de aprovação, Dilma tem hoje em torno de 50, 52% de aprovação. O PSDB é competitivo?
Lula e Dilma, em todas as disputas, foram para o segundo turno. E tinham números altíssimos de aprovação.
O xadrez pode ter 4 peças, com Eduardo Campos e Marina.
Sendo quatro, o segundo turno é uma grande probabilidade. Não sei qual será a capacidade do Eduardo de arrancar votos. O ponto de partida dele é Pernambuco. O do Aécio é Minas. A Marina tem uma presença forte e tem uma causa que, eu acho, vai continuar entusiasmando. Desses três, no momento, eu aposto no Aécio. Acho que 20 anos de governo do PT bastam, não? Chegou a hora de mudar. O estilo PT cumpriu o seu papel. Cansou, dá espaço pra outro.
Lula lançou Dilma à reeleição, o sr. lançou a de Aécio Neves. A campanha foi antecipada. Isso não tem um custo político?
Tem custo sim, político e administrativo. Lula precipitou o processo sucessório, aí os outros partidos não têm alternativa. Nós não tínhamos intenção de precipitar uma candidatura. Estávamos prestigiando o nome do Aécio para um debate interno. Mas eu nunca vi quem está no governo precipitar uma eleição, já que atrapalha a governabilidade. Tudo que a presidente Dilma fizer daqui por diante será atribuído a intenções eleitorais. Não sei o que levou o Lula a essa precipitação. Talvez seja porque ele gosta de campanha! A preocupação do governo não era com a oposição, era com a fragmentação das suas próprias forças.
Aécio abraçou a defesa de seu legado. Nem José Serra nem Geraldo Alckmin fizeram isso. O que mudou dentro do PSDB?
Talvez tenha chegado um momento em que seja mais fácil avaliar o que fizemos, não ter medo do que fizemos. Nós garantimos a economia, modernizamos a economia. As privatizações vieram de uma maneira correta, controladas pelas agências reguladoras, não foram monopolizadoras. Restabelecemos a competitividade das agências do governo, do Banco do Brasil, a Petrobrás. Melhoramos muito a educação, organizamos o SUS, começamos o processo de transferência de rendas. As pessoas esquecem que o programa do governo Lula não era transferência de renda, era o Fome Zero. Que foi engavetado! E aderiram ao que nos tínhamos começado. Enfim, por que não defender o que nós fizemos? Agora, isso não pode ser a base de uma campanha eleitoral. Campanha eleitoral tem de ser feita olhando pra frente, não pra trás. O programa do PSDB, então, deve ser: reconhecer o que fizemos, mas vamos adiante. Tem muita coisa que fazer.
Quais, por exemplo?
Quando fizemos nos anos 90 o que nós fizemos, o pessoal do PT, da esquerda, e também de outros partidos, não entendeu a globalização. Acharam que era outra vez o imperialismo, que era o neoliberalismo. Confundiram um processo histórico com uma ideologia. E me acusaram, quando eu estava ajustando o Brasil à nova condição histórica, como se fosse uma posição ideológica a favor do neoliberalismo, posição que eu nunca tive. Agora, de novo, vamos sair dessa crise. É um novo momento, que precisa de ajustes. Primeiro, quem é que vai puxar a economia de novo? Parece que serão os Estados Unidos. O que o Brasil vai fazer com o pré-sal? Continuar marcando passo? Enfraqueceram a Petrobrás e se embrulharam todos. De novo, digo, nós temos de olhar pra frente. Pararam a infraestrutura toda, porque não fizeram o que tinham de fazer, que eram as concessões. Agora fazem envergonhadamente, mal feito. O PSDB tem de recomeçar dizendo: "Olha, eles estavam errados, nós sabemos fazer". O fato é que fazem errado porque não acreditam no que estão fazendo. Nós acreditamos, deixe que a gente faça! Quando cobram dizendo que o PSDB está sem projeto, não está sem projeto, é que eles tomaram o nosso e fizeram mal feito. O PSDB tem que apresentar ao País um novo projeto.
Macroeconomia não sensibiliza o eleitor. Embora o cenário seja delicado - inflação, PIB, ritmo lento do PAC -, qual discurso terá o PSDB para atrair votos?
O que sensibiliza o eleitor é quando mexem no bolso dele, coisas como emprego e renda. Esses fatores todos mencionados vão terminar tendo algum efeito sobre emprego e renda. Na verdade, já estão tendo. A renda per capita no ano passado não subiu. E agora as famílias estão endividadas. O PSDB tem que dizer: "Você que está endividado, eu vou resolver esse problema".
Lula saiu com 76% de aprovação, Dilma tem hoje em torno de 50, 52% de aprovação. O PSDB é competitivo?
Lula e Dilma, em todas as disputas, foram para o segundo turno. E tinham números altíssimos de aprovação.
O xadrez pode ter 4 peças, com Eduardo Campos e Marina.
Sendo quatro, o segundo turno é uma grande probabilidade. Não sei qual será a capacidade do Eduardo de arrancar votos. O ponto de partida dele é Pernambuco. O do Aécio é Minas. A Marina tem uma presença forte e tem uma causa que, eu acho, vai continuar entusiasmando. Desses três, no momento, eu aposto no Aécio. Acho que 20 anos de governo do PT bastam, não? Chegou a hora de mudar. O estilo PT cumpriu o seu papel. Cansou, dá espaço pra outro.
13 comentários
Tinha alternativa sim senhor FHC: era deixar a Dilmona falar sozinha! Com três meses sem o que mostrar, só na base de promessas e lançamento de novos programas de mentira, a incompetente estaria liquidada. Na verdade FHC gosta mesmo é de ser chingado e chutado por Lulalau. Dos seus tempos de comunista, ele jamais deixou de lado a imagem do proletário redentor. Vai ser burro no meio do inferno!
ReplyDiscurso limpo e coerente... se fosse a Dilma ou o Lula já iam começar com demagogia e terminar separando o povo entre os que são do "a favor" e os "do contra" e no fim dizer que "é por isso que os ricos odeiam o PT" aff
ReplyTraécio deve ser um candidato imbatível a presidente das minas gerais ou do baixo leblon.
ReplyEu que sempre votei no PSDB, já decidi: em 2014 é Eduardo Campos, para tirar a quadrilha do poder!
O problema, FHC, é que o lulla é um grande irresponsável e não está nem aí para o Brasil, gasta o dinheiro público sem qualquer critério e sem pensar nas consequências. Em um país séria elle já estava preso há muito tempo, por crime de responsabilidade, mas, infelizmente, no Brasil é tido como herói. Pode!??????
ReplyCoturneiro de 11 de março de 2013 08:03
Replynão pode deixar Dna Dilma falar sozinha!
Ela mente e o povo acredita!!!
TEM QUE DESMENTIR DNA DILMA TODOS OS DIAS!
Mostrar documentos, vídeos da campanha com mentiras deslavadas, promessas não cumpridas, imagens de obras que nem começaram, navio que não saiu do porto e custou um monte de dinheiro e assim por diante!
ACORDA BRASIL!
Flor Lilás
Desses três, no momento, eu aposto no Aécio. Acho que 20 anos de governo do PT bastam, não? Chegou a hora de mudar.
Reply20 anos? Não seriam 12?
Ou então já considera caso perdido para mais duas eleições....
Eles sairão do poder em 2014. A coisa mais certa que FHC disse é que os eleitores estão cansados do PT. Vendo os mapas das Eleições desde 2002 qdo Lula foi eleito,se vê que os votos ao PT vão caindo. Dilma ganhou por 12 milhões de votos. ACABOU!hoje, há um descredito generalizado no PT. Eles podem fazer o diabo.Não ganharão. Principalmente porque o eleitor de Lula perdeu o encanto por ele, não o vê como antes. A imagem de Lula hoje é do espertalhão, mentiroso, corrupto. com excesão dos petista ideológicos, que são a menor parte. Só o bolsa família não elege. Os numeros de 2010 confirmam isso, Serra teria ganho se os brasileiros tivesse votado ao invés de viajar no feriado. 2014 Eduardo Campos fará a diferença.
ReplyNa verdade quem precipitou a campanha foi a imprensa, que não vive sem falar de Lula. E agora tem a denúncia do PGR contra ele, que vai ficar engavetada até 2014, para só então ser remexida. E o PSDB já "lançou" o Aécio, que não assumiu. E Serra já se articula para dar uma rasteira nele. A grande verdade é que está difícil emplacar um nome contra Dilma. Até o Joaquim estão pensando em lançar como vice do PSDB.Chega e ser hilário.
ReplyCel
Reply"O Brasil é o País do Futuro", conforme propaganda, se não me engano do regime militar. E continua sendo, já que os políticos, sem exceção, só pensam e se incomodam com a próxima eleição, tão logo termina a anterior. Gvernar? Ora, e quem se importa com este pequeno deltalhe? Como é que pode "ir pra frente, Brasil, Brasil?"
Esther
... e o 51 lá está preocupado com GOVERNABILIDADE do poste ! Ele quer mais é que exploda !
ReplyNão gosta do neoliberalismo, né, sr. Fhc? Isso já estava claro quando a grande sustentação para as reformas modernizantes vinha do PFL, e não dos tucanos. Talvez isso explique o ato falho da referência a 20 anos de governos petralhas.
ReplyMas o seu grande papelão, que a história não deverá esquecer nem perdoar, foi o acobertamento das patifarias de lullalau quando estourou o escândalo do mensalão. O Brasil poderia ter ficado livre do chefão da corja em 2005, e muitas outras desgraças teriam sido evitadas.
20 anos de PT no poder??? Ato falho do ex-presidente FHC.
ReplyOra! O próprio Defunto lançou com 3 anos de antecedência a candidata "Mãe do PAC" lembram? Carregava a criatura pra tudo quanto era canto! Portanto, não sei qual o espanto com a atitude do Embalsamado Vivo.
ReplySó fico feliz que dessa vez, os presidenciáveis também tiveram a sensatez de colocar seu bloco na rua logo, ao invés de fazer como Serra fez.
O problema da governabilidade não é dos presidenciáveis, mas sim da Desgovernada? Aliás, falando em governanta, que governabilidade tem esse governo mesmo?????