Sindicaleiros param STF às vésperas do Mensalão.

O Sindicato dos Servidores do Judiciário deflagra a partir desta quarta-feira greve da categoria em todo Distrito Federal para pressionar pela aprovação do projeto de reestruturação da carreira, que garantirá aumentos e prevê reajuste médio de 36%, podendo chegar a 56% em alguns casos, com impacto de R$ 7,8 bilhões. O coordenadores do movimento estão otimistas porque os servidores estão insatisfeitos com a falta de negociação pelo governo. O movimento grevista será iniciado às vésperas do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal (STF), mas o sindicato nega que a intenção seja atrapalhar o julgamento. - Não queremos atrapalhar qualquer julgamento para a sociedade. No caso do mensalão, os servidores já contribuíram muito e tem tem que julgar são os ministros - disse Jailton Assis, um dos coordenadores do Sindijus.

O presidente do STF, Ayres Britto, foi informado de que a greve teria início em reunião na noite de hoje, com sindicalistas, onde discutiram o andamento das negociações para o reajuste dos servidores. Segundo Jailton, Ayres Britto compreendeu a atitude do sindicato, ponderou que o movimento ocorrerá em um período de muita tensão e fez apelo para que, durante o julgamento do mensalão, eles evitem o uso de buzinas nas proximidades do Supremo. - Cercar o Supremo buzinando as vuvuzelas não me parece ser a melhor opção - disse Ayres Britto, segundo o sindicalista. Leia mais aqui.

Boi Cachoeira.

Acima, tuítes da senadora Kátia Abreu(PSD-TO) em resposta às acusações da mulher do chefe de quadrilha, feitas enquanto a mesma tentava subornar um juiz... A senadora, como pecuarista, sabe derrubar um boi pelas guampas... Êra, boi Cachoeira...

Bastos abandona Cachoeira.

Que ninguém diga que o recente episódio da mulher do Cachoeira tentando subornar um juiz para plantar uma denúncia contra a Veja, cuja capa mostra o réu José Dirceu, teve o dedo do ex-ministro da Justiça Márcio Tomaz Bastos. Segundo dizem, ele não tem nada com isso e não gostou. Tanto que largou Cachoeira à própria sorte, no meio do processo. Se recebeu ou não adiantado aqueles R$ 15 milhões ninguém sabe. Afinal de contas, ninguém sabe de onde vem o dinheiro do Cachoeira. Leia mais aqui.

O PT que não cheira: fede!

Só mesmo um deputado do mais baixo clero como o Paulo Teixeira, do PT de São Paulo, vice-presidente da CPI do Cachoeira, líder do partido do Mensalão na Câmara,  para pedir a convocação de um jornalista usando como motivo a sua citação por uma criminosa que tentava, na oportunidade, chantagear um juiz. É esse PT que não cheira: fede! Para esse deputado Paulo Teixeira, a palavra de uma criminosa, chantagista, desqualificada, denunciada por um juiz, indiciada pela Polícia Federal, é motivo para convocar um jornalista. Esse deputado Paulo Teixeira, sem dúvida alguma, é a cara cuspida e escarrada do PT podre do Mensalão. Deveria abrir um blog prog! Poderia chamar o blog de Paulinho Frô. Ou Conversa Afilhada. Ou Brasil 171. Melhor: Via Imundo.

Armação ilimitada.

Até o dia de ontem, Andressa Mendonça vinha sendo citada não apenas como a musa da CPI do Cachoeira, na qualidade de esposa do bicheiro, mas também como uma esperta e habilidosa participante dos esquemas criminosos da quadrilha. Subitamente, teve um ataque de burrice, tentando subornar o juiz Alberico Rocha Santos que, em Goiânia, conduz o processo da Operação Monte Carlo. Trancou-se com o mesmo no seu gabinete e ofereceu R$ 100 mil ao magistrado para que aliviasse nas acusações e deixasse o chefe da quadrilha responder processo em liberdade. Escreveu no papel, que agora é prova do achaque, o nome de três envolvidos que teriam ligações com o juiz e cujos nomes seriam revelados em um dossiê que ela liberaria. E sabem quem teria feito o dossiê, segundo a bela? A revista Veja.

A acusação não faz o menor sentido. Comecemos pelo fim, pelo dossiê. Por que a Veja faria um dossiê para atacar um juiz de direito que nem estava no caso inicialmente, que é um substituto? Para quem não lembra, o juiz Alberico foi nomeado para o lugar do juiz Paulo Moreira Lima, que saiu do caso ameaçado de morte. Isso ocorreu no final de junho. Ora, em trinta dias a Veja faria um dossiê contra um juiz para impedir que ele julgasse Carlinhos Cachoeira? Pobre do Policarpo, que não consegue trabalhar desde que a gangue do PT resolveu atacá-lo com uma sequência de mentiras sórdidas. É um absurdo e uma armação imbecil, assim como a lista fraudulenta publicada pela Carta Capital. Que interesse a Veja teria em libertar Carlinhos Cachoeira, jogando no lixo a sua credibilidade de maior revista de informação do país? É como diz Dora Kramer, hoje, no Estadão:

A não ser presumivelmente a ilusão de que poderia levar o juiz na conversa mal ajambrada sobre a existência de um dossiê a ser publicado com acusações contra ele, sugerindo um conluio entre a revista Veja e as organizações Cachoeira de armações ilimitadas. Um blefe tão óbvio quanto a impossibilidade de um veículo de comunicação que vive de credibilidade jogar esse ativo no lixo para servir deliberadamente como instrumento de chantagem e, consequentemente, de repasto à mesa dos detratores de plantão sempre ávidos de uma oportunidade.

Agora vejam outro absurdo. A esposa do bandido disse ao juiz que tinha uma foto dele com a senadora Kátia Abreu (PSD-TO). E daí? E se tivesse vinte fotos? O juiz Alberico trabalhou por muitos anos na Justiça Federal do Tocantins, sendo perfeitamente normal que apareça ao lado de uma senadora da República, de uma presidente de sindicato rural e de uma líder ruralista daquele estado. Impossível é achar Cachoeira em foto ao lado de um juiz.  Mas a chantagista mentirosa vai mais longe. Afirma que Kátia Abreu não saía da casa de Cachoeira para pedir dinheiro para campanhas. Ora, se assim fosse, a senadora teria chamado o bandido de chefe de quadrilha durante a CPI, de múmia, de estar ali apenas para ouvir as acusações e preparar a sua defesa, permanecendo em silêncio? Ou a senadora teria mantido silêncio? Obviamente, trata-se de uma vingança vil da musa da bandidagem. Vamos ver se ela sustenta o que disse durante a CPI ou se vai sair de lá algemada por acusar uma senadora da República sem provas. Vejam o que disse a senadora:

"Não tenho um pingo de medo dele. Não ando mal acompanhada. Todo mundo em Goiás sabe que ele é um contraventor. E, se ele for à CPI novamente, vou tratá-lo com a mesma dureza"

Mas a pantomima fica mais clara quando a esgotosfera e a sua fonte de informação privilegiada, o vice-presidente da CPI, deputado petista Paulo Teixeira (SP) afirma que agora está comprovado a ligação da Veja com Carlinhos Cachoeira. É o que está publicado em órgãos chapa-branca como o Brasil 247:

De acordo com o deputado Paulo Teixeira, vice-presidente da Comissão, o fato prova a relação entre o jornalista e o grupo de Cachoeira. “Com os acontecimentos, está colocada a relação do jornalista com a organização criminosa”, afirmou. “Já iremos discutir a convocação na primeira reunião da CPMI”.

Que relação existe, cara de pau? Um juiz diz que uma criminosa disse que havia um dossiê, mas não mostra nada e onde está a prova? Mas o esquema de difamação e calúnia segue o mesmo roteiro.  A notícia é repercutida no Conversa Afiada, no Nassif, na Maria Frô, no Cidadania, em toda a rede dos "blogs progressistas", aquela turma que progride à base dinheiro público ou do mensalão a ela pago para que ataque a Imprensa, a Justiça e a Democracia, e defenda a Sofisticada Organização Criminosa na qual o PT foi transformado, segundo os autos do processo.

Resumo da ópera? Andressa Cachoeira foi cooptada pela quadrilha para executar um plano muito simples: armar uma tentativa de chantagem usando o nome da Revista Veja, para que esta seja convocada para depor na CPI. Não será surpresa se, dentro dos computadores apreendidos na casa da musa da quadrilha, for encontrado o tal dossiê, montado pela mesma gangue que falsificou a Lista de Furnas, o livro Privataria Tucana e a recente lista fraudulenta publicada pela Carta Capital. Não se espantem se o tal dossiê virar capa da revista do Mino Carta na próxima edição. De todo este episódio, a única prova que fica escancarada é que a quadrilha do Mensalão continua viva, agora associada à quadrilha do Cachoeira, com um único objetivo: melar o julgamento do maior crime de corrupção da história deste país, que começa na próxima quinta-feira.

PT e Dilma lançam PAC das Privatizações, o maior esquema de venda de patrimônio público da história deste país.

A presidente Dilma Rousseff já bateu o martelo na lista final de rodovias e ferrovias que vão entrar no pacote de novas concessões de infraestrutura. Nesse pacote, apelidado por auxiliares da presidente de "PAC das Concessões", serão oferecidos à iniciativa privada cerca de 5,7 mil quilômetros de rodovias e 5 mil quilômetros de ferrovias. Apesar da falta de definição sobre concessões em algumas áreas, como a de aeroportos, o governo trabalha para fazer esses anúncios até o fim de agosto. Na área de rodovias, o modelo de leilão por menor tarifa de pedágio será mantido, sem o pagamento de outorga. 

A malha a ser concedida engloba corredores como o Brasília-Goiânia-Palmas, formado pela BR-060 e pela BR-153. Outro trecho, a BR-050, sai de Brasília e atravessa todo o Triângulo Mineiro, até a divisa com São Paulo. A partir dali, integra-se à Via Anhanguera, privatizada pelo governo paulista nos anos 90. Em todas as estradas, além de intervenções previamente definidas na ampliação e na manutenção da malha, o governo pretende acionar "gatilhos" de investimento, por meio dos quais as futuras concessionárias precisarão acelerar obras como duplicação de pistas e construção de viadutos, caso o volume de tráfego supere as previsões inicialmente apontadas nos estudos.

Outras rodovias com forte movimentação de cargas devem constar da nova rodada de concessões rodoviárias: a BR-101 na Bahia, a BR-262 (Belo Horizonte-Vitória), a BR-163 (entre Mato Grosso e Mato Grosso do Sul) e dois trechos dentro do Mato Grosso do Sul (a BR-262 e a BR-267). O plano é que todas as concessões tenham prazo de 25 anos. O governo também decidiu buscar na iniciativa privada a expansão da malha ferroviária do país, um papel que, com todos os atropelos e atrasos, tem sido protagonizado pela estatal Valec.

Com o apoio de empresas, a União pretende tocar a construção de novos trechos. Entre os 5 mil km de estradas de ferro planejadas está a construção de uma linha entre o Rio de Janeiro e Vitória (ES). Da cidade de Campos dos Goytacazes (RJ) sairá outro ramal com destino a Corinto, em Minas Gerais. Parte da Ferrovia de Integração do Centro-Oeste (Fico), até então sob alçada da Valec, também deverá ser repassada para o setor privado. O plano é leiloar o trecho de 901 km de malha que sai de Campinorte (GO), na Ferrovia Norte-Sul, e avança até Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. Só as obras desse percurso são estimadas em R$ 4,1 bilhões. O plano das concessões ferroviárias inclui ainda a ligação de Belo Horizonte a Aratu, na Bahia, além do Ferroanel de São Paulo. Todas as obras deverão ser construídas com bitola larga, uma estrutura mais moderna e capaz de suportar grandes volumes de carga, e seguir o modelo de "via aberta" - qualquer transportador ferroviário tem acesso à malha, mediante pagamento de pedágio à operadora dos trilhos.

No pacote das concessões de infraestrutura, o governo também chegou a uma definição sobre a execução de obras de ampliação nas primeiras concessões de rodovias, repassadas na década de 90 para o setor privado. O que está em jogo é um conjunto de intervenções em rodovias como a Nova Dutra, a Ponte Rio-Niterói e a BR-040 (Rio de Janeiro-Juiz de Fora), que não estava previsto nos contratos originais.

A possibilidade de prorrogar os contratos dessas concessões seria uma saída para que as empresas executassem essas obras, que passaram a ser necessárias por conta do aumento de tráfego. Com a dilatação dos prazos, o governo poderia diluir o pagamento dessa despesa nova e, assim, evitar que o custo extra fosse repassado para a tarifa de pedágio, que é a forma de remuneração da concessionária. Essa possibilidade, no entanto, está praticamente descartada. O governo também decidiu que as obras extras terão de ser feitas sem o aumento do preço do pedágio.

A União, dessa forma, irá indenizar as concessionárias pela construção de estruturas que não estavam previstas, ou seja, sem repasse direto para o usuário da rodovia. Uma das obras de maior dimensão é o aumento do número de pistas da Serra das Araras, trecho bastante crítico da Nova Dutra, a rodovia que conecta São Paulo ao Rio de Janeiro. Os empresários esperam com ansiedade o anúncio dos projetos para concessões. Para o presidente do Conselho de Infraestrutura da Confederação Nacional da Indústria (CNI), José de Freitas Mascarenhas, o governo está sendo "realista" e entendeu a importância de se aliar ao capital privado para superar os gargalos logísticos do país. "Não só o governo não tem recursos suficientes para atender às demandas crescentes de infraestrutura, como enfrenta dificuldades institucionais para gastar o orçamento de que já dispõe", afirma Mascarenhas.

Apesar da pressa em definir o que será objeto de concessões, o governo ainda deverá percorrer um longo caminho até leiloar os projetos e assinar os contratos. A advogada Letícia Queiroz de Andrade, especialista em direito regulatório do escritório Siqueira Castro, lembra que existe uma série de procedimentos necessários: realização de estudos de viabilidade econômica (com projeções de demanda e necessidade de investimentos), apreciação do Tribunal de Contas da União (TCU), audiências públicas e publicação dos editais. "Tudo isso varia de projeto para projeto, mas pode levar facilmente de nove a 12 meses", diz Letícia. Se o governo iniciar os trâmites em agosto, os primeiros investimentos podem sair no fim de 2013, segundo ela. Uma forma de ganhar tempo é com um processo seletivo simplificado para a contratação dos estudos, com posterior pagamento pelo vencedor dos leilões, dispensando os mecanismos da Lei de Licitações. Isso já ocorreu no leilão de aeroportos, lembrou a advogada. (Valor Econômico)

Mensalão: para quem iria botar o povo na rua em Brasília, o José Dirceu e seus mensaleiros estão bem borrados, hein?

José Dirceu, Marcos Valério, Professor Luizinho, João Paulo Cunha e Ayanna Tenório, todos réus do mensalão, não vão ao julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), que começa na quinta-feira. É quase certo, aliás, que nenhum acusado compareça à Corte. Muitos acompanharão o julgamento pela TV Justiça, que transmite as sessões do STF ao vivo - alguns até fazendo orações.

Para os defensores, a presença de seus clientes "é desnecessária e desaconselhável". "Marcos Valério não vai porque não foi intimado e não é tradição de julgamentos nos tribunais o réu comparecer", disse o criminalista Marcelo Leonardo, que representa o empresário mineiro, suposto operador do mensalão. "Entendo que não é necessário nem adequado (Valério ir ao STF). Ficaria exposto em demasia, sem necessidade."

O criminalista Alberto Zacharias Toron, que defende o deputado João Paulo Cunha (PT-SP), faz coro com Leonardo: "Ele não tem obrigação de ir e não é praxe o réu comparecer ao julgamento". Para Toron, a ausência de Cunha no julgamento "é uma atitude respeitosa com a Corte". "Quem é intimado são apenas os advogados, isso é corriqueiro", afirmou. "Não está no meu querer ou não querer. Ele (João Paulo) até poderia ir, mas é praxe não ir. O fato é que o STF não o intimou e, para a defesa, ele ir ou não é indiferente."

Pierpaolo Bottini, que defende o ex-deputado Professor Luizinho (PT-SP), tampouco levará o cliente ao STF. "É um julgamento longo, que deve se prolongar por mais de um mês. Ele (Luizinho) tem suas atividades, numa empresa de consultoria. Ele pode ir, mas não é aconselhável." Por meio de seu advogado, Luizinho informou que "certamente vai seguir o julgamento pela TV Justiça". Mesmo assim, um advogado do escritório de Bottini vai acompanhar o julgamento, a fim de manter o cliente informado de tudo.

Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado criminal que defende Ayanna Tenório Torres de Jesus, ex-executiva do Banco Rural, declarou que "é um direito ir, mas ela preferiu ficar em casa, no dizer dela rezando, fazendo orações em face da confiança que tem no advogado e na Justiça".

Mariz anotou que a defesa vai negar a autoria dos crimes do qual é acusada - segundo a Procuradoria-Geral da República, ela teria participado da autorização dos empréstimos sob suspeita do Rural. "Ela já foi punida; hoje vive uma situação muito difícil, o mercado financeiro praticamente fechou as portas para ela. É uma grande injustiça."

José Luís Oliveira Lima, que defende José Dirceu, disse que o ex-ministro da Casa Civil também não vai a Brasília durante o julgamento. "Não é comum a presença de acusados nos julgamentos em tribunais. Ele (Dirceu) vai acompanhar tudo à distância." (Estadão)

PT quer obrigar Globo a mostrar Haddad.

O PT ameaça recorrer à Justiça Eleitoral caso a TV Globo mantenha a intenção de só abrir espaço diário em seus telejornais às campanhas dos dois candidatos mais bem posicionados na disputa pela Prefeitura de São Paulo. O partido quer pressionar a emissora a assegurar a Fernando Haddad a mesma visibilidade que terão José Serra (PSDB) e Celso Russomanno (PRB), que lideram as pesquisas de intenção de voto. Pela proposta original da Globo, noticiada na semana passada pelo "Painel", os demais concorrentes só apareceriam em dias alternados no "Bom Dia SP" e no "SPTV". 

"Seria um tratamento desigual e privilegiado, o que a lei eleitoral proíbe. Não exigimos que o tempo de cada um seja cronometrado, mas é preciso haver o mínimo de equilíbrio", afirma o advogado do PT, Hélio Silveira. A emissora prometeu apresentar uma proposta alternativa hoje em reunião com os principais partidos. A reportagem procurou a Globo, mas não houve resposta até a conclusão desta edição. Segundo um editor, ainda não havia decisão sobre o novo modelo a ser sugerido às siglas.

Os candidatos aceleraram a preparação para o primeiro debate na TV, dia 2, na Band. Serra foi orientado a não polarizar, mesmo quando cobrado pela gestão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), seu aliado. Ele defenderá o governo, mas não negará deficiências da cidade. Se apresentará como o candidato que irá resolvê-las. Aliados de Russomanno dizem que ele evitará confrontos para dissipar as especulações sobre dobradinhas com Serra ou Haddad.

No PT, a principal preocupação é com a duração das falas de Haddad, que é considerado prolixo. Ele fez treinos de concisão para evitar respostas pela metade. "Estava acostumado a dar aulas de quatro horas", brinca o petista, que promete não atacar os rivais. Gabriel Chalita (PMDB) também quer adotar o figurino paz e amor, mas deve investir na associação de Serra ao desgaste de Kassab. "Não há como não criticar a prefeitura."(Folha de São Paulo)

O jovem e despreparado Toffoli, assessor do Zé Dirceu, virou ministro para cumprir o seu papel no julgamento do Mensalão. Um papelão, diga-se de passagem.

Colegas do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) José Dias Toffoli dizem que ele tomou a decisão de participar do julgamento, apesar de alguns ministros mais próximos avaliarem que ele não deveria votar no caso. Toffoli trabalhou na Casa Civil como assessor jurídico do ex-ministro José Dirceu, que é réu no processo do mensalão, e também com o PT, do qual foi advogado em campanhas eleitorais.

Além disso, a atual namorada do ministro é uma advogada que atuou para três investigados no mensalão.Ontem, o advogado e ex-delegado de Polícia Civil Paulo Magalhães Araújo entrou no STF com um pedido de suspeição (declarar-se impedido de julgar por razões pessoais) de Toffoli no processo do mensalão. O advogado Magalhães disse que seu pedido se baseia "em fatos públicos". "Nós aguardamos até o último momento a Procuradoria-Geral da República tomar uma posição para pedir a suspeição do ministro. Como não pediu, coube à sociedade civil", disse o advogado.

A petição deverá ser rejeitada pelo STF -ou seja, ela não será nem sequer apreciada em seu mérito, pois Araújo não é parte do processo. O Código de Processo Penal prevê que apenas as partes podem "recusar" o juiz de uma causa, caso ele próprio não reconheça sua suspeição. Araújo é presidente de uma organização não governamental "de combate à corrupção" com sede em Campo Grande (MS). "A causa do mensalão não é um caso comum, toda a sociedade é parte", afirmou o advogado.(Folha de São Paulo)

Leia mais aqui no Estadão.

STF organizado para evitar atrasos na condenação da sofisticada organização criminosa do Mensalão do PT.

Em meio a um clima de pressão, ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) tentam definir uma estratégia para evitar que medidas dos advogados dos réus provoquem atrasos no julgamento do mensalão, marcado para começar na quinta-feira. Uma alteração significativa no cronograma já estabelecido pode impossibilitar a participação do ministro Cezar Peluso, que pela lei tem que se aposentar obrigatoriamente até 3 de setembro, quando completa 70 anos.

Os ministros discutirão o que fazer com possíveis questionamentos da defesa em sessão administrativa do STF amanhã, véspera do início do julgamento. Uma das decisões que os ministros devem tomar é a de que nenhum deles apresentará pedidos de vista durante o julgamento. Ontem, os advogados e ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias, que defendem ex-diretores do Banco Rural que são réus na ação, protocolaram pedido de acesso aos autos para examinar documentos entregues na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.

Os documentos resumem as teses da acusação e destacam as principais evidências apresentadas contra os réus. Bastos e Dias argumentam que a defesa tem direito à última palavra no processo e por isso pediram acesso aos documentos do procurador. O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo, decidiu dar acesso aos documentos a todos os advogados dos réus a partir de hoje. Em nota divulgada na tarde de ontem, Bastos e Dias disseram que seu pedido de vista "não ensejará qualquer tipo de adiamento do julgamento".

Mas existe entre os 11 ministros que compõem o STF o receio de que pedidos como esse prolonguem o julgamento ou até mesmo adiem seu desfecho para o próximo ano. Eles avaliam que a presença de Peluso é importante porque, independentemente de sua posição sobre o caso, o ministro é um dos que mais entendem de direito penal. Há também muita expectativa com o que pode acontecer nos primeiros dias do julgamento. A principal dúvida é sobre o voto do ministro Ricardo Lewandowski, que é o revisor do processo. Desde que ele prometeu fazer um "contraponto" ao relatório de Barbosa, colegas de Lewandowski temem que ele use seu voto para rebater as conclusões do relator do processo, acirrando as posições no início da votação.(Folha de São Paulo)

BNDES compra 20 aviões para Chávez.

O governo da Venezuela vai assinar na terça-feria, 31, a compra de 20 aviões Embraer 190 AR para recompor a Conviasa, empresa de aviação regional do país, em um negócio que pode chega a R$ 1 bilhão. O valor final, no entanto, só deverá ser anunciado amanhã, depois da reunião bilateral entre a presidente Dilma Rousseff e o venezuelano Hugo Chavez. O anúncio do negócio foi feito em dezembro de 2011, durante a visita da presidente Dilma Rousseff a Caracas para a Cúpula dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), mas foi concretizado apenas agora. Na época, a expectativa era de que o negócio saísse em dois meses. No início deste ano, Chavez anunciou que negociava um crédito de R$ 800 milhões com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social para comprar os aviões. No entanto, o governo brasileiro não confirmou se o crédito foi concedido.(Estadão)

STF nega adiamento do julgamento da quadrilha do Mensalão do PT.

A presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministra Cármen Lúcia, mandou arquivar pedido feito por advogados ligados ao PT para adiar o julgamento do mensalão no Supremo Tribunal Federal. No pedido, advogados de réus do mensalão afirmaram ser "inoportuno" a ocorrência do julgamento no período eleitoral e pediam à Cármen Lúcia que ponderasse a possibilidade de adiamento junto aos demais ministros do Supremo.

Na petição, os autores manifestam preocupações quanto à eventual influência do julgamento da ação penal do mensalão sobre as eleições municipais de outubro. Ao arquivar a petição, a ministra afirma não ser competência do TSE fazer este tipo de pedido ao Supremo. "Além de serem vagos e imprecisos os argumentos apresentados, baseados em suposto desequilíbrio no processo eleitoral decorrente do julgamento da ação penal mencionada, é de primário conhecimento não caber a este Tribunal Superior Eleitoral representar junto ao Supremo Tribunal Federal preocupações e interesses de réus em qualquer ação penal ali em tramitação, ainda que sejam candidatos ou dirigentes de partidos políticos", afirma a ministra. 

O documento foi elaborado por Marco Aurélio Carvalho, coordenador jurídico do PT e ex-sócio do ministro José Eduardo Cardozo (Justiça). O julgamento do mensalão, marcado para começar no próximo dia 2, decidirá o futuro de 38 réus, incluindo toda a ex-cúpula nacional do PT e o ex-ministro José Dirceu, um dos principais líderes do partido.(Folha Poder)

CUT mensaleira quer parar STF.

Na tentativa de pressionar o Planalto a abrir uma negociação salarial, os servidores do Judiciário em Brasília, incluindo os funcionários do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmam que irão cruzar os braços na próxima quarta-feira (1º), véspera do início do julgamento do mensalão. A sinalização de greve foi confirmada na noite desta segunda (30) ao chefe do STF, Carlos Ayres Britto, por dirigentes de três entidades sindicais.

Sem reposição salarial desde 2006, os servidores da Justiça em Brasília decidiram paralisar as atividades por tempo indeterminado. O indicativo de greve, aprovado em assembleia no dia 23 de junho, prevê a suspensão dos trabalhos nos seis tribunais superiores do país. Os profissionais do Judiciário reclamam que o governo federal se recusa a apresentar propostas de reajuste para a categoria. Segundo o presidente da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Público da União (Fenajufe), José Carlos Pinto de Oliveira, cerca de 20 mil trabalhadores podem suspender as atividades nesta quarta se não surgir uma proposta por parte do Executivo. “O objetivo é que até 15 de agosto todo os funcionários do Judiciário estejam em greve. A classe solicita um aumento médio de 32,48% nos gastos de pessoal da Justiça”, ressaltou Oliveira.

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) se ofereceu para fazer a interlocução entre os servidores e o governo federal. De acordo com o presidente da entidade, Vagner Freitas, que participou do encontro com Ayres Britto na sede do Supremo, o governo tem de sentar à mesa para dizer quanto poderia pagar à categoria. "O governo elencou uma série de problemas financeiros, mas não discute conosco a possibilidade de fazer a contra-argumentação", reclamou o dirigente da CUT.

Os sindicalistas afirmam ter requisitado ao presidente do STF que ele argumente com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, sobre a necessidade de iniciar uma negociação salarial. A proposta orçamentária do Judiciário deve ser enviada até 15 de agosto para o Executivo. O governo, por outro lado, tem até o final do mês para encaminhar o Orçamento de 2013 para o Congresso. Conforme o coordenador-geral do Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário do Distrito Federal (Sindijus-DF), Jailton Mangueira Assis, Ayres Britto teria se comprometido a incluir na proposta do Judiciário a previsão de parte dos recursos necessários para implantar o plano de carreira e para garantir o reajuste dos funcionários.

Questionado sobre os eventuais prejuízos que a greve poderia trazer à análise dos 38 réus do mensalão, o sindicalista refutou responsabilidades no julgamento. "Deixamos bem claro que quem faz julgamento é a magistratura. Não vamos aceitar nenhum tipo de colocação de que os servidores estão atrapalhando qualquer tipo de julgamento", enfatizou Assis. (Do G1)

Kátia Abreu ataca mentiras de Andressa Cachoeira.

Declaração da senadora ao Blog do Reinaldo Azevedo, sobre boatos de que a "esposa" de Cachoeira teria citado o seu nome como beneficiária de doações de campanha:

“Ah, ele está bravo comigo, é? Teria sido porque eu o chamei de chefe de quadrilha naquela sessão da CPMI em que ele decidiu fazer cara de paisagem, tratando-nos a todos como idiotas? Nasci, cresci, me casei, tive meus filhos e fui empresária rural antes da divisão do estado de Goiás. Hoje, sou do Tocantins. Nunca me encontrei ou tive qualquer relação com este senhor porque, quando ouvi falar dele pela primeira vez, seu nome já estava associado à contravenção. Ele tem coisa contra mim, é? Que mostre as provas então. Tem nada! Esse tipo de ameaça não me intimida, não! Ele está se aproveitando do fato de que, hoje em dia, basta um contraventor, um bicheiro, um fora da lei qualquer dizer que tem relação com esse ou com aquele políticos, e a coisa vira notícia na Internet ao menos. Comigo, não! Não vem que não tem! Sei lá se ele conhece pessoas que eu também conheço. É possível que sim. Aliás, eu conheço gente que conhece o papa, o Obama o Mick Jagger e aquele menino lá do Crepúsculo, tadinho… Mas, infelizmente, ainda não conheço nenhum deles. Quem sabe um dia… Ele que não tente me meter na sua pantomima!”

A PF investigando a mulher do Cachoeira? Cuidado!

Muito cuidado! Dizem que a PF apreendeu computadores na casa da mulher do Cachoeira. Raciocinem: ela vai até o juiz, tenta uma chantagem imbecil, é presa e a PF vai na sua casa, vasculha e leva os computadores, havendo dentro deles dossiês fajutos como a lista fraudulenta da Carta Capital. Raciocinem: Andressa quis ser presa. Andressa quis que os seus computadores fossem apreendidos. Não demora muito e aparecerão dados na mão do esgoto incriminando a Veja, Gilmar Mendes e outros políticos de bem, que podem ajudar a condenar o bicheiro Cachoeira.  Possivelmente, será a nova capa da Carta Capital. Acredito muito na PF, mas não em toda. Nem a própria PF acredita, não é mesmo?

Da Folha Poder:

A Polícia Federal vai instaurar um inquérito policial para investigar Andressa Mendonça, noiva de Carlinhos Cachoeira, por corrupção ativa. Na manhã desta segunda-feira (30), Andressa foi levada à Polícia Federal para prestar depoimento sobre a tentativa de chantagem relatada pelo juiz Alderico Rocha Santos, responsável pela ação penal contra o grupo de Cachoeira na 11ª Vara da Justiça Federal em Goiânia.

Tanto ela quanto o advogado, identificado como Arinilson Mariano, deixaram o prédio da PF sem responder aos questionamentos dos jornalistas. Andressa terá três dias para pagar uma fiança de R$ 100 mil para evitar que seja presa preventivamente. Uma decisão judicial emitida ontem também proíbe Andressa de se comunicar com os réus denunciados na operação Monte Carlo, incluindo Cachoeira.

A ordem foi emitida pelo juiz federal Mark Yshida Brandão, da 13ª Vara, que estava de plantão no fim de semana. A decisão veio em resposta às informações de que ela tentou chantagear o juiz Alderico Santos.

Nesta segunda-feira, às 7h, a Polícia Federal fez uma busca e apreensão na casa de Andressa, no condomínio de luxo Alphaville, em Goiânia. Policiais apreenderam dois computadores e dois iPads, além de documentos que serão periciados. Em seguida, às 9h, Andressa foi conduzida coercitivamente à Polícia Federal para prestar depoimento.

Mensaleiros em pânico.

Os advogados e ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos (foto) e José Carlos Dias protocolaram documento no STF (Supremo Tribunal Federal) pedindo o adiamento do julgamento do mensalão. Eles defendem diretores do Banco Rural e assinam a petição com outros dois advogados da instituição. Os dois alegam que precisam de tempo para analisar a nova documentação entregue na semana passada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, à corte.

Márcio Thomaz Bastos, advogado e ex-ministro da Justiça
Nela, Gurgel afirma que o "mensalão" foi o maior caso de corrupção da história do país. O procurador fez um resumo da acusação, relembrou detalhes e elencou documentos relativos a cada réu como perícias, depoimentos e interrogatórios. Thomaz Bastos e Dias afirmam que a defesa tem o direito à última palavra o caso, tanto verbal quanto escrita. E que, portanto, precisam ter conhecimento do que diz o procurador em sua peça para poder apresentar o contraditório. O memorial elaborado por Gurgel foi entregue na última semana aos 11 integrantes do Supremo e visa facilitar o trabalho dos ministros. O julgamento está marcado para começar na próxima quinta-feira (2) e deve durar pelo menos um mês. (Folha Poder)

Estranhíssima chantagem.

É muito estranha e infantil a tentativa de chantagem da mulher de Cachoeira contra um juiz, envolvendo a Veja - novamente! - com o marido bandido. O que os mensaleiros prometeram ao bicheiro para que ele, de uma hora para outra, resolvesse requentar denúncias já desmentidas pela polícia e para dar podridão para a esgotosfera? Leia aqui.

Atualizando às 19:42 com parte deste post de Reinaldo Azevedo, que corrobora as nossas suspeitas:

Vamos cuidar aqui de uma hipótese, e tenho o direito de levantar algumas. Tudo tendo ocorrido como relata o juiz, não estaria querendo Andressa provocar justamente o efeito que provocou? Poderia alguém, com pleno conhecimento da parte pantanosa da Justiça e da Polícia, ter convencido o senhor Cachoeira de que o preço de uma aliviada na situação é botar VEJA na linha de tiro? Não sei se foi assim; não estou dizendo que tenha sido assim, mas sustento que se trata de algo absolutamente plausível. Afinal, como diz a canalha mensaleira (sim, ela mesma!), “VEJA tem de ir para o banco dos réus”. A revista incomoda os candidatos a tiranetes do Brasil.

Sou lógico

Sou uma pessoa lógica. Tenho claro que nada disso estaria acontecendo sem os dois maus passos dados pelo juiz Rocha Santos. Na presença de seus advogados, certamente Andressa não faria o que fez. Acho que o doutor Márcio Thomaz Bastos, que defende Cachoeira, não endossa esses procedimentos. Ou estou enganado? Também não teria acontecido se a assessora do meritíssimo tivesse testemunhado toda a conversa. Se tudo aconteceu como o relatado,  foi a conveniência de um encontro privado que permitiu o assédio e a divulgação de uma mentira asquerosa.

VEJA vai cobrar na Justiça o agravo. É o que lhe cabe fazer. E vai continuar a noticiar o que tem de ser noticiado. No sábado, houve a tentativa de intimidar um ministro do Supremo; na segunda, um ataque à revista. Comecei a contagem regressiva para que surja uma “bomba” contra o procurador-geral. E assim vai.

O país está sendo assombrado por uma máfia. Denunciá-la, combatê-la e condená-la — viram, senhores ministros do Supremo? — é um dever moral, ético e legal.
 

Como a denúncia do Mensalão cortou as principais cabeças do núcleo criminoso do PT. Só faltou a do chefe.

A descoberta em 2005 do mensalão revelou o maior caso de corrupção da história recente do Brasil e fulminou o núcleo duro do governo do PT. Homens de confiança do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, antes com livre acesso ao Palácio do Planalto, viram ruir suas carreiras na política e hoje estão no banco dos réus. O site de VEJA investigou como e onde estão os oito dos réus do mensalão que mais gozavam de prestígio junto a Lula e ao PT antes de o esquema vir à tona. São eles os ex-ministros José Dirceu e Luiz Gushiken; os então dirigentes do PT José Genoíno, Delúbio Soares e Silvio Pereira; e os deputados João Paulo Cunha, Professor Luizinho e Paulo Rocha. Leia mais em Veja.

Genoíno promete entregar o companheiro Delúbio. Esse Genoíno não se emenda.

Jose Genoíno teria sido um X-9 ao ser preso pelo regime militar. Teria contribuído tanto com os "verdes" que, hoje, é assessor do Ministério da Defesa. Vejam, agora, o que o Genô promete fazer no julgamento do Mensalão, segundo o Estadão.

No julgamento do mensalão, a defesa do ex-deputado federal José Genoino se concentrará em descolar as atividades do então presidente do PT– descritas por seus advogados como meramente políticas e institucionais – das decisões financeiras, função do ex-tesoureiro Delúbio Soares. Também tentará provar que Genoino mantinha relações apenas políticas com parlamentares do PP e do PTB e rebaterá as acusações de formação de quadrilha, sustentando que não houve crime nenhum. As alegações finais, entregues em setembro do ano passado, ressaltam o estilo de vida modesto do ex-parlamentar. Ao Estado, o próprio Genoino transmitiu esse recado. “Não tenho bens”, disse o ex-deputado. “Vivo há 28 anos na mesma casa em São Paulo, me hospedo no mesmo hotel simples há mais de 20 anos em Brasília,cidade onde trabalho de segunda a sexta.” O réu, advogados e amigos querem mostrar que o petista continua a ser omesmo de antes, com uma trajetória de vida ligada à resistência ao governo militar, que incluiu cinco anos vividos na prisão após sua participação na guerrilha do Araguaia.

Ao menos no que toca às urnas, a tentativa de reparar as rachaduras na imagem do político não conseguiu conter a redução do número de votos em suas candidaturas para a Câmara dos Deputados. Em1998 foram 306.988 mil; em2010, 92.362, soma incapaz de eleger umdosmais históricos quadros do PT. Naquele ano, ele foi menos votado que seu irmão José Guimarães (PT-CE)– com 210.366votos –,aquele que precisou explicar o casdo assessor que carregava dinheiro na cueca. Segundo o advogado Luis Fernando Pacheco, responsável pela defesa de Genoino, o ex-deputado espera com ansiedade pelo desfecho do julgamento e por uma decisão que o considere inocente das acusações sofridas. “Será de cabeça erguida, peito aberto e coluna ereta que Genoino poderá dizer a toda sociedade: ‘Meu nome é José Genoino Neto e eu fui absolvido das acusações do mensalão’. Tenho certeza de que ele sonha com esse dia”, afirmou.

Antes popular e falante, hoje ele é avesso a entrevistas e praticamente só fala sobre o escândalo por meio de seu advogado, que acredita ser uma “opção tomada por força da mágoa”. Hoje, segundo a direção e militantes do PT, Genoino se limita a frequentar as reuniões de diretório, do qual faz parte. E a comparecer em eventos do partido para os quais é convidado, como o lançamento da campanha de Fernando Haddad, em São Paulo, por exemplo. Costuma se posicionar como militante quando o assunto é a corrente petista Construindo um Novo Brasil, que integra,  juntamente com ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Oficialmente, a legenda dedica-se a concentrar esforços nas eleições e não especificamente emtentar salvar a pele de membros do quadro político. A reabilitação de réus como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o próprio Genoino em posições na executiva e no diretório já teriam sido esforços de solidariedade com os companheiros. Um vídeo recém-gravado pelo presidente do partido, Rui Falcão, corrobora.

Desde 2011, Genoino frequentaa capital federal durante a semana como assessor especial do ministro da Defesa Celso Amorim. O cargo de confiança lhe foi dedicado durante a gestão de Nelson Jobim,de quem  é amigo. Indagado sobre sua rotina na pasta, o ex-deputado limitou-se a dizer: “Sou assessor.E o que faz um assessor? Assessora, oras. Atendo o ministro sempre que sou solicitado. É isso.” Por “assessorar” entenda-se, sobretudo, trabalhar em acordos políticos fazendo a ponte entre o ministério e o Congresso Nacional.

Mensalão: ex-procurador confirma que há provas de sobra para condenar a sofisticada organização criminosa do PT.

Era junho de 2005. Um ano depois, o cearense que começou como estagiário no Ministério Público do Paraná assinou a principal acusação contra a gestão petista e denunciou os 40 do mensalão. Hoje, aos 63 anos e dedicado ao escritório de advocacia em Brasília, é taxativo: "Minha expectativa é que haja elementos para condenar pelo menos os principais réus". O ex-procurador Antônio Fernando de Souza diz que o esquema não era só pagamento de mesada: incluía uma rede para cometer vários crimes - peculato, corrupção ativa, corrupção passiva.

Antonio Fernando de Souza evitou comentar a situação do ministro Dias Toffoli. Em 2007, a namorada dele, Roberta Gurgel, fez sustentação oral para um dos réus no STF. O ex-procurador explica, em tese: "O marido não pode decidir causas em que a esposa tenha sido advogada ou parte." E defende que o MPF pode pedir impedimento de um magistrado nessa situação.

O julgamento do mensalão será político ou técnico?
Quando você assume a responsabilidade de um cargo, a grandeza que é o cargo de ministro do Supremo ou de procurador-geral, está compromissado em agir exatamente conforme manda a lei e com os elementos que você tem na mão. Nenhum ministro do Supremo adotará posição que não tenha respaldo nos autos. Eles vão ter que justificar o voto. Eles não podem dizer "eu absolvo" ou "eu condeno". Vão ter que dizer "eu vou condenar porque encontrei tais provas" ou "eu vou absolver porque tais e tais provas me conduzem a uma dúvida". Não vejo preocupação. O julgamento vai ser técnico no sentido de que vão arrolar elementos de convencimento. É isso que todo mundo espera. Os ministros do Supremo devem agir assim.

Os ministros não estão com a faca no pescoço? A pressão de julgar tantas figuras influentes é grande.
Só quem pode dizer são eles.

Qual sua expectativa para o julgamento? Todos serão condenados?
O julgamento, a gente só sabe o resultado no dia. Não posso ter expectativa. O que posso dizer, diante do período em que ofereci a denúncia, é que tinha provas contundentes lá. Sobre muitas coisas, eram provas, não eram apenas indícios, que foram corroboradas depois com laudos periciais. A instrução provou muita coisa. Diante desse quadro, a minha expectativa é que haja elementos para condenar. Não tenho conhecimento de toda a prova que foi feita.

O procurador-geral, Roberto Gurgel, disse que não se provou a participação de Luiz Gushiken e de Antonio Lamas. O senhor tinha convicção da participação deles?
Do Gushiken, já no oferecimento da denúncia, havia indícios apenas. Não devem ter sido confirmados.

Há indícios suficientes para condenar todos os outros?
Não conheço o processo depois de 2009, mas há elementos fundados (para condenar). Pelo menos os principais.

Como (o empresário) Marcos Valério e (o ex-ministro) José Dirceu?
Exatamente. Principais eram os que coordenavam essa ação em diversos setores.

Em relação ao núcleo financeiro, os laudos relatam desvios de dinheiro...
A maior parte da denúncia reporta-se a documentos, depoimentos. Nada foi dito da imaginação: tem no processo alguma coisa confirmando tudo o que foi dito.

Alguns réus admitem ilícito, mas não corrupção ativa e passiva, e sim crime eleitoral, com a formação de caixa dois. A tese é aceitável?
A denúncia defendeu fatos típicos de corrupção ativa, corrupção passiva, peculato... O que cada um fez com o dinheiro não interfere no tipo penal. Pode desviar dinheiro público e incinerar. Isso não deixa de ser o tipo penal correspondente.

A CPI e a Polícia Federal tinham elementos de que o mensalão abrangesse o Executivo e ministérios?
A expressão "mensalão" não retrata (o caso). É o símbolo que a imprensa usou, mas não retrata, do ponto de vista jurídico, o que está no processo. A palavra "mensalão" dá a impressão de uma fila de pessoas que, ao fim do mês, vai receber alguma coisa. Nada a ver com isso. Ali tem peculato, corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha e os crimes fiscal e financeiro. Então, não tem nada a ver com receber dinheiro no final do mês.

Parte da defesa alega que o mensalão é uma ficção.
Não existe o crime mensalão; existe corrupção ativa, passiva, peculato... Com relação a esses (crimes), os elementos são fortes o suficiente para uma denúncia, que foi feita, e depois as provas reforçam isso. (A palavra) mensalão gera isso. Um dos réus alegou que não iria receber dinheiro para votar a favor de seu próprio partido. E, em determinados partidos, não há nada indicando que teriam recebido (dinheiro) em razão disso (apoio no Congresso).

A propina não necessariamente estava atrelada às votações no Congresso?
Não. Ficou essa ideia na imprensa e na CPI. Em função disso, se identificou a realização de crimes que têm uma relação entre todos eles. A denúncia foi mais abrangente especialmente para fazer esse tecido que formava um contexto único.

Por isso o senhor dividiu a denúncia em núcleos?
Exatamente. Quando se fala em quadrilha, não se vai fazer um contrato de quadrilha. O que há são vontades se reunindo para um desígnio. Quando fiz a denúncia, pedi o encaminhamento de ofícios com material para outros juízos. Isso chegou a mais de 40 ofícios identificando ou ilícitos penais ou civis pelo Brasil inteiro. Os ilícitos fugiam do círculo inicial. Eram crimes que tinham uma relação muito tênue com este (o processo principal do mensalão), mas que foram identificados.

O esquema era maior do que esse processo no STF.
Exatamente. Tinha aquele procurador da Fazenda, o Glênio Guedes. Esse foi um dos (ofícios) mandados (para outros juízos). Há o episódio de Minas e que resultou em outra denúncia. Era muito mais, mas se tomou providência em relação a tudo. Não ficou nada pendente.

O julgamento será durante o processo eleitoral. Vê problemas?
Os ministros do STF vão julgar com base no processo. As pessoas mistificam isso. Eles devem julgar com o que está nos autos, não precisa de mais nada, não. No fundo, a eleição é municipal; isso é um tema nacional...

O presidente Lula conversou sobre o mensalão com o senhor em alguma fase das investigações?
Nunca. Posso garantir. Talvez meu jeito afaste pessoas. Mas nunca insinuou.

A CPI do Cachoeira desvia o foco do julgamento?
O julgamento vai ser o de uma ação como outras tantas, com um contorno mais amplo. Ao Supremo, a existência ou não de CPI não altera nada, porque eles vão ter que julgar com base no que foi apurado. Não me parece que desvie a atenção. Pode desviar a atenção da opinião pública, mas não influencia o julgamento.

O senhor disse que o julgamento será como o de uma ação qualquer. Mas será o maior do STF.
Não deixa de ser uma ação penal. A circunstância de estarem acontecendo outros episódios na vida política não vai interferir no julgamento, porque ele tem que ser sempre balizado naquilo que foi produzido nos autos. Não será a CPI que vai influir. O que vai influir é o que está ali.

Há risco de prescrição dos crimes?
A prescrição tem a ver com condenação e fixação da pena. O importante é que haja o julgamento. Se o processo está concluído, com alegações finais e relatório, que se julgue e defina. Pelo menos põe uma pá de cal nisso.

O senhor acha que o ministro Dias Toffoli deveria participar do julgamento, por conta da amizade com José Dirceu e por já ter sido chefiado por ele na Casa Civil?
São coisas diferentes. Em tese, o julgador pode estar diante de uma relação de amizade, que pode interferir no julgamento isento dele. Chamam isso de suspeição. Isso faculta a ele se declarar suspeito e se afastar do processo. Ou uma parte interessada pode questionar essa situação. O impedimento, não. Os casos de impedimento, devidamente arrolados na lei, proíbem que o magistrado julgue. Estou falando em termos gerais. Por exemplo, o marido não pode decidir causas em que a esposa é advogada ou parte. Se a mulher foi advogada em algum momento no processo... No processo, qualquer juiz estaria impedido.

A companheira de Toffoli fez sustentação oral no julgamento da denúncia, em 2007.
Sim, eu me lembro. A lei fala em cônjuge, mas a lei é antiga. Nessa expressão estaria compreendida a situação do companheiro, da união estável, porque ela é abrangente nesse sentido. Não sei a situação do ministro. Estou dizendo em tese. Essa situação é de impedimento, não depende da vontade do julgador.

E se o ministro não se declarar impedido?
Pode ser objeto de uma alegação. Alguém pode (levantar essa questão).

Depois que se aposentou, o senhor acompanhou o processo?
Não, tenho as informações até a data em que eu estava (no cargo). Quando saí, muita coisa estava concluída. Agora a responsabilidade é do outro procurador-geral. Desde 2009, estou fora desse circuito. Sou um cidadão na expectativa do que possa acontecer. (O Globo)

Haddadmóvel, vulgo Camburão do Mensalão.

Projetado para que o ex-presidente Lula participe da campanha do PT em São Paulo sem comprometer sua recuperação, o Haddadmóvel passou por seus primeiros testes neste final de semana. Com bancos estofados na carroceria e uma espécie de toldo, a caminhonete foi pensada para facilitar a presença de Lula -que se recupera de um câncer- em carreatas de Fernando Haddad.

Por isso, foi apelidada por petistas de Lulamóvel. Mas, na voz do animador dos comboios, já incorporou o nome do candidato a prefeito. "O presidente Lula vai começar a nos acompanhar a partir do dia 6, e acho que ele vai aprovar", discursou Haddad ao final da primeira carreata em que usou o Haddadmóvel, no sábado, no Grajaú, zona sul da capital. A campanha quer usá-lo ao menos uma vez por semana. Animado, Haddad cogita outra carona presidencial: "Quem sabe a gente traz até a Dilma um dia, já pensou?".(Folha de São Paulo)

Mensalão: Lula mandou varrer a Gamecorp do Lulinha para debaixo do tapete.

Texto guardado em sigilo há mais de seis anos revela alterações no relatório final da CPI dos Correios, que investigou o mensalão, para omitir menções ao filho mais velho do ex-presidente Lula. O documento, ao qual a Folha teve acesso, foi redigido pela equipe do deputado ACM Neto (DEM-BA), sub-relator da CPI dos Correios para o tema fundos de pensão. ACM Neto confirmou à Folha que se trata do texto original. Do texto enviado ao relator Osmar Serraglio (PMDB-PR), foram suprimidas menções a Fábio Luís, o Lulinha, e ao fato de a empresa investigada Gamecorp pertencer a ele. 

Serraglio tinha poderes para alterar o texto do sub-relator. Chama atenção que só tenham sido suprimidos trechos que citavam Lulinha ou eram críticos a ele e a Lula. Fábio Luís foi investigado porque a Telemar (atual Oi) investiu R$ 5 milhões na Gamecorp em 2005, um ano após ter sido criada por Lulinha, com capital de R$ 10 mil. Dois fundos de pensão investigados pela CPI tinham participação na Telemar, que recebera aporte do BNDES. 

Foram suprimidos trechos como "por envolver, naturalmente, como beneficiário, o filho do presidente da República". Ficou de fora um parágrafo inteiro que criticava o Ministério da Fazenda e juntas comerciais de diversos Estados que não responderam aos pedidos da CPI por informações sobre a Gamecorp. A Fazenda, segundo o texto de ACM Neto, respondeu que repassar essas informações "poria em risco os interesses legítimos da empresa". O presidente da CPI, senador Delcídio Amaral (PT-MS), disse à Folha que conversou com Lula diversas vezes e que houve pressão "de todos os lados", mas silenciou sobre a origem da ordem para retirar o nome de Lulinha. 

Serraglio confirma as pressões do Planalto. "Essas informações chegavam para gente, 'ou vocês retiram ou nós vamos criar dificuldades para aprovar'", disse. "Tinham pessoas mais próximas [do Planalto] que acompanhavam, o Carlos Abicalil (PT-MT), o Jorge Bittar (PT-RJ), era a tropa da frente." Para Delcídio e Serraglio, se o nome de Lulinha tivesse sido mantido, o relatório não teria sido aprovado. Mencionar Lulinha seria o mesmo que citar o presidente.

A CPI não quebrou o sigilo da Gamecorp. Segundo ACM Neto, na segunda-feira anterior à votação do relatório final, foi avisado por Serraglio de que era preciso retirar o nome de Lulinha. "Não sei de quem partiu a ordem para tirar o nome do Lulinha, mas aceitei porque era o acordo ou nada." A Folha não conseguiu localizar os deputados citados por Serraglio, e a assessoria do ex-presidente Lula não quis comentar o caso. A assessoria de Lulinha também não respondeu.(Folha de São Paulo)

Blog sem internet.

De ontem até à tarde até agora, o blog ficou sem internet. Os hotéis do Rio estão prontos para a Copa e as Olimpíadas, só falta resolver o suporte da rede...Vamos para a atualização a partir de agora, 8:15 de segunda.

Faltam apenas três dias...

Clique na imagem para ver quem são os mensaleiros e os crimes que cometeram. Clique aqui para saber "os caminhos do dinheiro".

Mensalão: chegou a hora de punir a sofisticada organização criminosa do José Dirceu.

Depois de pressões internas e externas, o Supremo Tribunal Federal começa a julgar na quinta-feira, 2, em pleno período eleitoral, um dos mais longos e polêmicos processos da história política brasileira. A expectativa é de que a avaliação do caso dure mais de um mês. Ao fim, os ministros decidirão se políticos ligados ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, como o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e o ex-presidente do PT José Genoino, devem ou não ser condenados por envolvimento com o chamado mensalão, um esquema de pagamentos de parlamentares que, segundo a Procuradoria-Geral da República, foi executado em troca de apoio ao governo no Congresso, e que, segundo os acusados, foi apenas financiamento de campanhas por meio de caixa 2.
O relator Joaquim Barbosa será o primeiro a se pronunciar - André Dusek/AE
O resultado afiançará ou não um tradicional modelo de fazer política no Brasil, que se alimenta do clientelismo, do aparelhamento e do loteamento de estatais. O julgamento também testará a atual composição do STF, tribunal que é integrado por 11 ministros, dos quais 6 foram indicados para o cargo pelo ex-presidente Lula e 2 pela presidente Dilma Rousseff. Poderá também influenciar o resultado das principais campanhas municipais. Afinal, a condenação ou absolvição de políticos petistas pode afastar ou angariar eleitores durante as eleições.

A polêmica em torno do caso se estende ao próprio STF. Revisor do processo, Ricardo Lewandowski foi pressionado para entregar o seu voto no primeiro semestre a fim de que houvesse tempo de julgar o processo ainda em agosto, antes da aposentadoria de Ayres Britto e do ministro Cezar Peluso. Em 2007, após o Supremo ter decidido abrir um processo criminal contra os réus do mensalão, Lewandowski já tinha protagonizado um episódio constrangedor ao ser flagrado dizendo ao telefone que os ministros tinham votado "com a faca no pescoço". Dias antes, fotógrafos tinham registrado durante o julgamento correspondências eletrônicas entre Lewandowski e a ministra Cármen Lúcia. 

Em maio deste ano, o ministro Gilmar Mendes foi a público afirmar que Lula teria tentado pressioná-lo para adiar o julgamento para depois das eleições. O ex-presidente nega que tenha feito tal pressão. Apesar de não ter sido denunciado por envolvimento no esquema, Lula deverá ser um dos principais personagens nas defesas que advogados farão no plenário do STF durante o julgamento. Desde que deixou o Palácio do Planalto, o ex-presidente vem dizendo que está disposto a mostrar o que chama de "farsa do mensalão". Ele atuou nos bastidores para que o Congresso instalasse a CPI do Cachoeira, que tem como alvo alguns de seus antigos desafetos, como é o caso do governador Marconi Perillo (PSDB), que, à época do escândalo, afirmou ter alertado o então presidente sobre o mensalão.

No Supremo, as atenções estão agora voltadas para o ministro José Antonio Dias Toffoli, que no passado foi advogado do PT, do próprio Lula e do governo petista. Além disso, a namorada de Toffoli, Roberta Rangel, advogou para um dos réus do processo, o ex-deputado federal Professor Luizinho (PT-SP). Até agora o ministro não quis revelar se, mesmo com essa bagagem, participará ou não do julgamento. Outro integrante do STF que teve ligações com o PT é presidente da Corte, Carlos Ayres Britto. Ele já foi filiado ao partido e, na década de 1990, chegou a disputar uma cadeira de deputado. 

Acusação e defesa. No julgamento, o procurador-geral da República Roberto Gurgel vai sustentar que, no início do governo Lula, foi criada uma "sofisticada organização criminosa, dividida em setores de atuação" para praticar crimes de peculato, lavagem de dinheiro, corrupção, gestão fraudulenta e outras fraudes. Para ele, trata-se do "mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil".

O procurador sustenta que o núcleo político ou central do esquema, formado pelo ex-ministro José Dirceu e por Delúbio Soares, Sílvio Pereira e José Genoino, tinha o objetivo de garantir a continuidade do projeto de poder do PT por meio da compra de suporte político de outros partidos e do financiamento futuro ou pagamento de dívidas de suas próprias campanhas eleitorais. 

Para defender os réus, foram convocados os mais renomados criminalistas do País, entre os quais os ex-ministros da Justiça Márcio Thomaz Bastos e José Carlos Dias. A maioria dos defensores vai sustentar que o mensalão não existiu. No máximo, o que teria ocorrido seria caixa 2 de campanha eleitoral. Dizendo-se temeroso de ser alvo de um "processo político", Dirceu chegou a convocar estudantes ligados à União Nacional dos Estudantes (UNE) para defendê-lo nas ruas. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) também falou em mobilização. Nos últimos dias, porém, a tática do principal réu foi submergir e deixar o mensalão exclusivamente com o STF. (Estadão)

Mensalão: Dilma quer impedir que a lama suba a rampa.

Preocupada com o potencial de desgaste que o julgamento do mensalão pode causar a seu governo, a presidente Dilma Rousseff deverá fazer de tudo para manter o Palácio do Planalto longe dos holofotes do Supremo Tribunal Federal (STF). Apesar de torcer para que os réus do PT sejam absolvidos, sob o argumento de que uma punição representaria a condenação moral da Era Lula e acabaria se voltando contra ela e o seu partido nas eleições municipais, Dilma baixou a lei do silêncio.
Presidente baixou no Planalto uma lei do silêncio sobre o caso - Reuters
A ordem é blindar o Planalto do impacto do julgamento, que vai pôr o PT e o governo Lula no banco dos réus. Na tentativa de mostrar que sua gestão não será contaminada pelas ruidosas sessões do Supremo, Dilma preparou um pacote de estímulo aos investimentos, a ser lançado em várias etapas, entre agosto e setembro. A "agenda do desenvolvimento" terá medidas populares, como a desoneração de impostos para a redução do custo da tarifa de energia elétrica.

Na semana passada, a presidente quis saber de auxiliares se a repercussão do julgamento do mensalão ocuparia o espaço nobre da imprensa nos próximos meses. Diante da resposta positiva, não escondeu a contrariedade. Em conversas privadas, Dilma avalia que a denúncia da Procuradoria-Geral da República não fica de pé porque não há provas da compra de votos em troca do apoio parlamentar no Congresso na administração de seu padrinho político, Luiz Inácio Lula da Silva.

O caso que mais a sensibiliza na Ação Penal 470 – um calhamaço com 50 mil páginas, 38 réus e 600 testemunhas – é o do ex-deputado José Genoino. Presidente do PT à época do escândalo de corrupção, Genoino é atualmente assessor do Ministério da Defesa e Dilma já o chamou várias vezes ao Palácio da Alvorada para trocar impressões sobre os rumos do governo.

A presidente gostaria de reabilitar Genoino na bancada do PT na Câmara, da qual ele é suplente. Não quer, no entanto, que José Dirceu, seu antecessor na Casa Civil, retorne ao comando do PT, embora deseje que ele seja inocentado. O ex-ministro é descrito na denúncia do Ministério Público como "chefe da quadrilha".
Dilma disse ter ficado aliviada ao saber que só terá de indicar o substituto de Cezar Peluso, ministro do STF que se aposenta em setembro, após o veredicto sobre o mensalão. Tem pavor de que suas ações sejam interpretadas como ajuda a réus do PT.

Amigos da presidente garantem que, embora esteja próxima de forças opostas a Dirceu no mosaico ideológico do petismo, ela jamais entrará em confronto com Lula nem trabalhará pela "faxina" no PT, mesmo de olho no projeto da reeleição, em 2014. Além disso, Lula só concordará em disputar novamente o Planalto contra o PSDB se ela não quiser concorrer a um segundo mandato, hipótese hoje improvável.

Herdeira do pós-mensalão, cristã nova no partido e caloura em eleições, Dilma só chegou à ribalta após a sucessão de crises que dizimou a cúpula petista e abateu candidatos "naturais" à cadeira de Lula, como Dirceu, o todo-poderoso chefe da Casa Civil entre 2003 e 2005, e Antônio Palocci, à época titular da Fazenda. Então ministra das Minas e Energia, a ex-guerrilheira furou a fila no PT e foi chamada por Lula para substituir Dirceu no período de ruína. Em reuniões que vararam a madrugada no Planalto, Dilma foi uma das integrantes do "núcleo duro" que mais o ajudaram na estratégia de proteção do governo.

Desde que foi eleita presidente, no entanto, ela se distanciou de Dirceu e desenhou uma nova geografia de poder. Sem trânsito no PT, Dilma constituiu um grupo formado por ministros do partido que, em sua maioria, não são ligados a Dirceu, como José Eduardo Cardozo (Justiça), Aloizio Mercadante (Educação), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Comunicações), além de Fernando Pimentel (Desenvolvimento), seu amigo de adolescência.

Escudeiros. Foi o próprio Lula quem a orientou a escalar um time de conselheiros políticos. "Monte sua equipe de confiança. Você vai precisar", disse o presidente à afilhada, em mais de uma ocasião. Apesar da fria relação com Dirceu – que a chamou de "companheira de armas e de lutas" ao passar o bastão para ela, em 2005 –, a presidente convidou o ex-ministro, em maio, para a cerimônia de instalação da Comissão da Verdade, que vai investigar violações de direitos humanos cometidos durante a ditadura militar (1964-1985). Ele ficou radiante.

"Acho Dirceu uma pessoa injustiçada", afirmou Dilma, quando ainda comandava a Casa Civil. "Não tenho conhecimento de que ele tenha beneficiado instituição financeira no tocante a crédito consignado." As declarações estão no processo do mensalão. A principal interlocutora de Dirceu no Planalto, hoje, é a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti. É ela quem o informa sobre o andamento da CPI do Cachoeira, as pressões de aliados por cargos e as preocupações palacianas. O governo e a cúpula do PT temem que o julgamento do mensalão, agora, prejudique campanhas prioritárias, como a de Fernando Haddad, em São Paulo, e a de Patrus Ananias, em Belo Horizonte.

"Haverá interferência na eleição, qualquer que seja o resultado, e a decisão tanto pode atingir o PT como a oposição", comentou o advogado Sigmaringa Seixas, ex-deputado do PT. "Alguém pode conceber um julgamento durante o dia e o programa eleitoral à noite? Isso é um absurdo", criticou ele. Dilma, porém, não vai mexer nesse vespeiro. (Estadão)

Mensalão do PT: como o dinheiro público roubado para comprar políticos virou a mentira do caixa dois.

O mês de agosto será marcado por uma guerra de versões entre os 38 réus durante o julgamento do mensalão. Essas divergências se acentuaram ao longo dos anos, mas, quando o escândalo eclodiu, em 2005, muitos dos envolvidos formularam uma tese unificada sobre o dinheiro do esquema. Tudo virou "caixa dois". É o jargão usado para o uso de dinheiro não declarado pelas campanhas.

A história é longa. Remonta ao início de 2003, primeiro ano de Lula na Presidência. Na época, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza frequentava as sedes do PT. Loquaz, dizia aos dirigentes da sigla: "O PT me deve uns R$ 120 milhões". Em meados de 2004 o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, foi procurado por Silvio Pereira, secretário-geral do PT, que relatou o que ouvira. Dirceu retrucou: "Mas não eram só R$ 40 milhões?". Dirceu nega a existência do diálogo. Já Silvinho, como é conhecido, relatou a conversa a mais de uma pessoa. Vistos em retrospecto, os indícios do início do governo Lula iam todos na direção de um esquema em formação. 

O escândalo do mensalão se materializou em 6 de junho de 2005. Nessa data a Folha publicou uma entrevista com o deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) afirmando que congressistas aliados recebiam o que ele chamava de "mensalão" de R$ 30 mil do PT. Os petistas ficaram aturdidos. Não sabiam como reagir. Aí ocorreu algo inusitado. O discurso de defesa foi arquitetado pela mesma pessoa que forneceu recursos para o esquema: Marcos Valério. Tudo seria apenas caixa dois. Dívidas de campanha que precisavam ser pagas. Algo que todos os políticos acabam praticando. Um achado. O mensalão passou a ser a versão oficial da defesa.

Após a entrevista de Jefferson, a pressão aumentava a cada dia sobre o Planalto. Valério estava prestes a dar depoimento à Procuradoria. O empresário mineiro deixou vazar numa sexta-feira (dia 8 de julho) que teria marcado sua ida à Procuradoria para a semana seguinte. Vários políticos entraram em contato com ele. Delúbio Soares foi um deles. O tesoureiro do PT e das campanhas de Lula falou com Valério no sábado. Conversa tensa, com ameaças diversas.

Valério se dizia abandonado. Queria proteção. Falou em negócios de seu interesse que o governo não poderia deixar de tocar, como a liquidação do Banco Econômico. Delúbio comprometeu-se a tratar desses pleitos com a cúpula do PT e do governo. Mas a comunicação era difícil naqueles dias. Na segunda-feira, 11 de julho, Delúbio foi a Belo Horizonte conversar com Valério. Poucos na direção do PT foram avisados. Era uma operação de alto risco, mas imprescindível para montar uma versão aceitável. Enquanto Delúbio se mexia, o governo enviava bombeiros para conversas reservadas. Foi importantes nesse processo o governador do Acre, Jorge Viana, que conhecia o meio publicitário de Minas (a agência que fazia a propaganda de seu governo era a mineira ASA). Sua missão era acalmar o setor e evitar que mais pessoas começassem a dar entrevistas. 

Ao mesmo tempo, o prefeito de Belo Horizonte, Fernando Pimentel (hoje ministro), procurou políticos locais para colocar água na fervura. Em Brasília, Lula se aconselhava com um antigo tesoureiro do PT, Paulo Okamotto. O ministro Antonio Palocci (Fazenda) acalmou os credores dos bancos Rural e BMG, usados no valerioduto. Preocupados com a eventual quebra das instituições, os credores ameaçavam acioná-las na Justiça. Ouviram de Palocci que deveriam aguardar, pois o governo não deixaria a situação sair do controle.
Em 12 de julho, dia seguinte à visita de Delúbio a Valério, fez-se uma reunião secreta em São Paulo em um escritório do advogado Arnaldo Malheiros Filho, responsável pelos casos de Delúbio e Silvio Pereira. Além de Delúbio, Silvio e dos advogados, estava no local José Genoino, presidente do PT quando o escândalo surgira. A reunião começou por volta de 9h. 

No meio do encontro Delúbio disse: "Vocês não se espantem não, mas o Marcos Valério está chegando". Um jatinho com o publicitário e o advogado Marcelo Leonardo aterrissara por volta das 10h no Campo de Marte. Por volta das 10h30, Valério e Marcelo Leonardo entraram e se isolaram por alguns minutos em uma das salas do escritório. Quando entraram na sala maior, onde estavam os outros, o empresário pediu a palavra. "Temos três hipóteses. A primeira é derrubar a República. Vamos falar tudo de todos. PT, PSDB, PFL, todos. Não sobra ninguém. A segunda hipótese é a tática PC Farias: ficar calado. Só que ele ficou calado e morreu. A terceira hipótese é um acordo negociado, de caixa dois." 

Todos ficam calados. Segundo um presente, "era como se estivéssemos todos congelados". Várias conversas paralelas começaram, até que cada um apresentou seu ponto de vista. Genoino defendeu o governo Lula e a escolha da hipótese número 3. Essa foi a saída consensual. Antes de a decisão ser aceita por todos, Delúbio, Valério e Genoino se reuniram separadamente numa sala. Depois da conversa reservada, o encontro maior não se instalou mais. Não houve anúncio formal, mas ficou subentendido que a saída era vender a versão do caixa dois ao público. 

Já passava das 13h. A fome dos presentes foi saciada com sanduíches da padaria Barcelona, na praça Vilaboim, reduto tucano em São Paulo. O primeiro a sair foi Valério. Ficaram no local os demais. Decidiu-se que no dia seguinte eles iriam a Brasília consultar o governo e as cúpulas dos partidos aliados. Malheiros providenciou o aluguel de um jatinho. Embarcaram cedo na quarta. Genoino preferiu não ir. 

Ao chegar à capital federal, Malheiros e Delúbio se dividiram. O advogado foi ao encontro do então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, hoje advogado de um ex-diretor do Banco Rural, que é réu. O petista se deslocou para a casa de um amigo. Na conversa entre Thomaz Bastos e Malheiros, o governo teve pela primeira vez detalhes da versão do caixa dois. Bastos ouviu e falou da necessidade de todos afinarem o discurso. Aprovou a estratégia, mas antes precisava submeter o acordo a Lula. Nessa mesma quarta, Thomaz Bastos chamou Antonio Palocci e ambos foram até o presidente. Lula concordou com a versão. O ministro deu sinal verde a Malheiros.

O endereço em que Delúbio se instalou em Brasília foi transformado em central da versão do caixa dois. Foram chamados ao local todos os políticos que precisavam ter o discurso ajustado. Em romaria, eles chegavam, tomavam conhecimento e concordavam com a estratégia. Estiveram ali, pelo menos, Arlindo Chinaglia, José Janene, José Borba, Valdemar Costa Neto, Aloizio Mercadante, Ricardo Berzoini, Paulo Okamotto e Renato Rabelo. Entre os que foram consultados estão Dirceu e um representante do PTB. 

No dia seguinte, quinta-feira (14 de julho), já com tudo acertado, Delúbio passou por Belo Horizonte para finalizar os detalhes do depoimento de Valério à Procuradoria, que acabou sendo feito nessa mesma data. Antes de prestar seu depoimento, o ex-tesoureiro tomou conhecimento do teor do que fora dito por Valério. O depoimento de Delúbio à Procuradoria ocorreu na sexta-feira, dia 15. 

Na véspera desse depoimento, com o discurso afinado, os protagonistas da montagem da versão do caixa dois voltaram a São Paulo. Havia um clima mais relaxado. No dia 14, à noite, houve ainda duas reuniões para preparar o depoimento de Delúbio. A primeira teve como protagonistas Genoino, Delúbio, Silvio Pereira, Ricardo Berzoini e José Dirceu. O advogado Arnaldo Malheiros chegou na metade do encontro. Nessa reunião o objetivo era checar de maneira pontual os detalhes que Delúbio abordaria. 

Um exemplo de que o clima estava melhor foi o prazer a que se deu Delúbio, torcedor do São Paulo: ele assistiu ao final da partida em que seu time disputava a finalíssima da Libertadores -e foi campeão pela terceira vez. Após a partida, todos saíram para um segundo encontro, já na madrugada de sexta. Coube a Malheiros ligar para o procurador-geral da República, Antonio Fernando Souza, para acertar o depoimento de Delúbio. Estava montada a versão do caixa dois.

Ato contínuo, em viagem a Paris, o presidente Lula deu entrevista na qual falou sobre a operação. O "Fantástico", da TV Globo, transmitiu o vídeo em 17 de julho: "O que o PT fez do ponto de vista eleitoral é o que é feito no Brasil sistematicamente". E mais: "Não é por causa do erro de um dirigente ou de outro que você pode dizer que o PT está envolvido em corrupção". O escândalo começava a ficar domado. No discurso oficial, circunscrevia-se o mensalão a mero uso de dinheiro não contabilizado em campanha. Lula não virou réu. Agora, sete anos depois, o STF julgará se é verossímil a versão do caixa dois, tão bem arquitetada naquele conturbado julho de 2005.(Folha de São Paulo)

Mensalão: para onde foi o dinheiro público que a quadrilha do PT desviou?

Sete anos de investigações não foram suficientes para rastrear todo o dinheiro do mensalão e apontar a identidade dos beneficiários de boa parte dos recursos do esquema de financiamento político organizado pelos petistas. De acordo com as informações reunidas pela Procuradoria-Geral da República, o mensalão mobilizou R$ 141 milhões em dois anos, somados vários empréstimos bancários e os recursos que teriam sido desviados de contratos com o setor público. Nas alegações finais do processo, em que resumiu as conclusões a que chegou após anos de investigações sobre o assunto, a Procuradoria indicou os beneficiários de apenas R$ 32 milhões, menos de um quarto do total, sem esclarecer o que aconteceu com o resto do dinheiro.

Em 2005, quando o escândalo veio à tona, o empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão, apresentou às autoridades uma lista com repasses no valor de R$ 56 milhões que disse ter distribuído a pedido do PT. Valério também entregou uma relação de empréstimos obtidos por suas empresas nos bancos Rural e BMG, no total de R$ 55 milhões, para tentar justificar a origem dos recursos que movimentou. Mas as investigações revelaram vários indícios de fraude na contabilidade das empresas de Valério. Houve maquiagem nos balanços e documentos foram queimados para apagar rastros, de acordo com os investigadores.

Em 2006, ao apresentar a denúncia que deu origem à ação do mensalão, a Procuradoria deixou de lado várias pessoas que apareceram como beneficiárias de repasses de Valério para se concentrar nos líderes partidários que se tornaram réus do processo. Contratos que as agências de Valério tinham com os Correios, a Eletronorte e o Ministério do Esporte também não foram examinados, porque a Procuradoria achou suficientes os indícios de desvios que encontrou ao analisar a execução dos contratos de Valério com o Banco do Brasil.

O principal inquérito da Polícia Federal sobre o caso foi concluído no início do ano passado pelo delegado Luiz Flávio Zampronha, que sugeriu à Procuradoria-Geral da República a abertura de novos inquéritos para dar continuidade às investigações. O relatório de Zampronha levanta suspeitas sobre dois diretores e um funcionário das empresas de Marcos Valério que fizeram diversos saques nas agências do Banco Rural em Brasília e no Rio de Janeiro e não foram incluídos entre os réus do processo que será julgado agora no STF (Supremo Tribunal Federal).

Tudo somado, essas três pessoas sacaram R$ 2,1 milhões, segundo o relatório de Zampronha. A PF desconfia que esse dinheiro também tenha sido entregue a políticos indicados pelo PT e seus aliados, mas não identificou os destinatários dos valores. O relatório de Zampronha também apresenta indícios de que parte do dinheiro do esquema foi usado por Marcos Valério para comprar cavalos e fazendas. A polícia chegou a sugerir o confisco dos imóveis, mas nenhuma decisão foi tomada até hoje. 

O inquérito também apontou repasses para quitar dívidas contraídas pelo PT na campanha de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se elegeu, transferências atípicas para companhias de comércio exterior e suspeitas sobre mais de 20 pessoas físicas e jurídicas. A Procuradoria recebeu o relatório de Zampronha em março de 2011. Quase um ano depois, em fevereiro deste ano, o processo foi despachado para o gabinete do ministro Joaquim Barbosa, relator do mensalão no Supremo. Desde então, advogados de Marcos Valério e outros réus tentaram obter informações sobre o andamento das investigações e providências que teriam sido tomadas após as recomendações de Zampronha, mas não tiveram acesso ao processo.(Folha de São Paulo)

Lula, pai do Mensalão, preocupado com a biografia.

Um presidente que encerrou o mandato com mais de 80% de popularidade e passou a faixa à sucessora que escolheu pode ter motivos para se preocupar com a sua imagem nos livros de história? Para Luiz Inácio Lula da Silva, 66, a resposta é sim. Desde o fim do segundo mandato, o primeiro operário a subir a rampa do Planalto tem deixado clara a sua preocupação com a forma como será contado, no futuro, o escândalo do mensalão.Lula é mencionado apenas duas vezes, em notas de rodapé, na denúncia do Ministério Público Federal que descreve o esquema que teria sido organizado pelo PT para comprar apoio político para o seu governo no Congresso.

Não há provas de que ele tenha participado ou autorizado o suborno de parlamentares, e o próprio delator do mensalão, o ex-deputado Roberto Jefferson, sustenta que Lula não sabia de nada. No entanto, o petista tem transmitido a aliados a convicção de que sua imagem ficará manchada se o Supremo Tribunal Federal condenar por corrupção aliados como o ex-ministro José Dirceu. A preocupação fica mais evidente a cada mudança de tom sobre o assunto. Em 2005, quando o escândalo veio à tona, o então presidente disse ter recebido uma "facada nas costas" de aliados.

"Com toda a franqueza, eu me sinto traído. Traído por práticas inaceitáveis das quais nunca tive conhecimento. Estou indignado", afirmou, em pronunciamento em cadeia de rádio e TV. "Temos que pedir desculpas. O PT tem que pedir desculpas. O governo, onde errou, tem que pedir desculpas", acrescentou Lula. Vieram as CPIs e o fantasma do impeachment voltou a assombrar Brasília, mas o presidente sobreviveu. Conseguiu se reeleger em 2006 e, animado com a aprovação recorde, trocou a cabeça baixa pela promessa de "desmontar a farsa" do mensalão. "Foi uma tentativa de golpe no governo. Foi a maior armação já feita contra o governo", disse em entrevista à RedeTV! ao adotar o novo discurso, em novembro de 2009. 

Há dois meses, em evento na Câmara Municipal de São Paulo, Lula descreveu o episódio como uma conspiração dos partidos de oposição e da imprensa para derrubá-lo. O julgamento começa na próxima quinta, mas a disputa política já está na praça - e o ex-presidente, como sempre, está no centro dela. "Ele comprometeu sua biografia. Em vez da reforma política, liderou o mensalão", ataca o presidente do PSDB, Sérgio Guerra. "Lula pagou, paga e ainda vai pagar um preço elevado por isso tudo." "Lula e seu governo não estão em julgamento", rebate o presidente do PT, Rui Falcão. "Ele elegeu sua sucessora e deixou o governo com aprovação popular incomparável. É isso que causa inveja."(Folha de São Paulo)

Mensalão: lista da Carta Capital é uma falsificação grosseira. Ou melhor: duas! Uma que saiu no site e a outra, totalmente diferente, que saiu na revista.

Vejam a falsificação grosseira produzida pela Carta Capital, na edição desta semana, cuja chamada de capa, com foto, é "Valerioduto abasteceu Gilmar"... Marcos Valério já desmentiu a lista. Delcídio Amaral, senador do PT, ataca violentamente o falsificador Mino Carta, editor do pasquim mensaleiro. Vejam o crime cometido por esta revista, em duas reproduções. 

Na lista acima, publicada no site, neste link, aparece o nome de Gilmar Mendes. A lista foi liberada antes da edição chegar nas bancas, para abaster os blogs do esgoto e a militância virtual mensaleira do PT. Agora vejam, abaixo, como a lista saiu na revista, que está nas bancas.
Vejam que o nome do ministro Gilmar Mendes sumiu da lista publicada na revista. A lista foi recortada. Qual a lógica de retirarem o nome do acusado que é a matéria de capa da revista? É uma bandidagem sem limites cometida por um jornalista safado e vendido. É uma falsificação grosseira, comandada por um gângster escondido atrás de uma revista financiada pela quadrilha do Mensalão, em estado de desespero ante a condenação inevitável dos seus patrocinadores.

Até um petista desmente a Carta Capital. Que vergonha, quadrilha de mensaleiros!


Ao jornalista Mino Carta

Editor da Carta Capital

Senhor editor,

Em relação a matéria publicada na edição 708 da revista Carta Capital, onde meu nome é levianamente citado como suposto beneficiário de pagamentos efetuados há 14 anos, em Minas Gerais, esclareço, indignado, o seguinte:

1 – A reportagem se baseia em “documento” de um suposto esquema de caixa 2 que teria ocorrido na campanha eleitoral de 1998, época em que eu não desenvolvia nenhuma atividade político partidária, nem em Minas Gerais nem em qualquer outro lugar do país. Disputei o primeiro cargo público em 2002, quando, com muito orgulho, me tornei o primeiro senador eleito pelo Partido dos Trabalhadores em Mato Grosso do Sul.

2 – Se essa “suposta” lista fosse verdadeira, seguramente teria sido utilizada durante a CPMI dos Correios, até para desqualificar os seus integrantes. O próprio advogado do acusado a quem a revista atribui a elaboração do abominável documento nega, com veemência, que seu cliente seja o responsável pelo mesmo, atribuindo sua autoria a um conhecido psicopata e estelionatário recorrente em fraudes diversas em Minas Gerais, que já foi preso e continua respondendo criminalmente por esses mesmos motivos. (Links dos desmentidos publicados ontem: http://bit.ly/QoeFTE e http://bit.ly/O5LNN4 )

3 – Orgulha-me, e não poderia ser diferente, a imparcialidade, a isenção, o equilíbrio e a serenidade que Deus me concedeu para presidir a CPMI dos Correios, fato que incomodou e, ao que parece, ainda incomoda, muita gente em diferentes pontos do país.

4 – É estranho – ou talvez não - que a reportagem seja publicada justamente às vésperas do julgamento do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal, o que, para mim, demonstra o inequívoco propósito diversionista de suas intenções, subestimando a inteligência do povo brasileiro.

5 – Aos patrocinadores desse malfadado “documento”, que lembram a famigerada “Lista de Furnas”, outra desastrada trama engendrada por quem tenta confundir a opinião pública em benefício próprio, deixo um conselho: se os fatos apurados pela CPMI dos Correios lhes açoitam, tomem banho de sal grosso!

6 – Estou tomando as providências jurídicas que o caso requer, não só em relação aos autores dos “documentos” e também à revista, mas, eventualmente, às suas indevidas repercussões.

Campo Grande (MS) , 28 de julho de 2012

Delcídio do Amaral Senador (PT/MS)